A vida é o que você faz dela
São Paulo, uma das maiores metrópoles do mundo, com seus 19 milhões de habitantes e quilômetros diários de engarrafamento, tem muitas histórias pra contar. Uma delas acontece no coração da cidade e mostra quatro irmãos que buscam reinventar suas vidas.
Reginaldo, o mais novo, procura incansavelmente o pai que não conheceu.
Dario, prestes a completar 18 anos, sonha com a carreira de jogador de futebol.
Dinho, frentista em um posto de gasolina, busca na religião o refúgio de seu passado.
Dênis, o irmão mais velho, já é pai de um filho e ganha a vida como motoboy. Isso, até descobrir que o crime era mais lucrativo e teve um amargo final como resposta.
No centro desta família está Cleuza, 42 anos, grávida do quinto filho. Ela trabalha como empregada doméstica enquanto luta pra manter todos os filhos na linha.
Para viver nesta cidade onde as oportunidades se afunilam, eles contam um com o outro para driblar as dificuldades.
Um filme de Walter Salles e Daniela Thomas. 2008.
O filme faz um retrato do cotidiano de uma família miserável que vive numa favela da cidade grande. Embora condiz com a realidade de muitos, achei um pouco caricato a exposição. Sempre quando mostram as situações de pessoas como estas, exageram nos gestos e nos palavrões. Óbviamente, existem muitas famílias bem pobres mas não é por isso que são miseráveis também em seus atos. É tocante, mesmo em uma "ficção" ver uma mãe grávida que bebe e fuma sem parar. Tem um filho de cada pai e talvez nem saiba quem eles são. Apesar disso, ela tenta educar seus meninos e torce por eles (mesmo que não seja nenhum exemplo). O personagem de Reginaldo é o mais comovente. Um jovem garoto que sonha em ser motorista e ganhar o mundo. Ele perguntava se o seu pai era negro porque ele era o mais moreno da família. Segundo ele, seu pai devia ser um carvão pra que ele tivesse aquela cor. Quando sua mãe pediu pra arrumar a cabeleira, o adolescente respondeu: "Lá cabelo de negro tem jeito!".
Também temos uma idéia de como funcionam os cultos evangélicos. As orações e a paixão por Jesus. Interessante o pastor afirmar que não devem buscar pelo material e que nada pertence às pessoas, apenas a Jesus e, no entanto, recebe somas de dinheiro daqueles pobrezinhos. Como podem as pessoas não pensarem sobre seus atos? Mas, de alguma forma, parece que aqueles encontros religiosos eram a única forma de escapar de suas realidades e buscar um pouco de alívio. Ou isso, ou a bebida e a marginalidade.
A parte final do filme foi muito bem concluída. Torci pra que Reginaldo fosse pra bem longe dalí.
Ande. Ande. Ande.