Numa obra instigante, Roger Scruton nos convida a refletir a respeito da beleza e do lugar que esta ocupa em nossas vidas.
Como deixa bem claro, sua abordagem não é histórica nem psicológica: é filosófica.
Assim, nos conduz por questionamentos como:
A beleza é subjetiva?
Existem critérios válidos para julgar uma obra de arte?
Há algum fundamento racional para o gosto?
Qual a relação entre tradição, técnica e gosto?
Pode o belo ser imoral?
Frente àqueles que consideram que juízos de beleza são meramente subjetivos, Scruton, com sua verve polêmica, questiona tal relativismo: "por que estudarmos a herança de nossa arte e cultura numa época em que o julgamento de sua beleza não possui nenhum fundamento racional?".
E com sua contundência característica, declara: "Neste livro, [...] defendo que [a beleza] é um valor real e universal ancorado em nossa natureza racional [e que ] o senso do belo desempenha papel indispensável na formação do nosso mundo".
Concorde-se ou não com o autor, o fato é que não se pode passar com indiferença por seus argumentos.
Se a intenção era fazer o leitor refletir a respeito do assunto, certamente os objetivos se cumpriram.

Dos prados às pessoas, de Safo ao canto dos pássaros, a beleza tem atraído e confundido a humanidade.
Platão via a beleza como o objeto do desejo e uma via de acesso ao transcendente; Tomás de Aquino a via como um atributo do Ser e um dom de Deus.
Mas também pode ser perigosa, como a beleza de Carmen; perturbadora, como a beleza do Davi de Michelangelo; e até imoral, como a beleza da música de Richard Strauss quando Salomé beija a boca inerte de João Batista.
Então, o que exatamente queremos dizer com "beleza", e que lugar ela deve ocupar em nossas vidas?
Neste livro vívido, franco e estimulante, Roger Scruton afirma que a beleza é tão importante quanto acreditava Platão, e de maneira nenhuma deve ser rejeitada como um sentimento meramente subjetivo daquele que a contempla.
Pelo contrário, a beleza é fundamental para uma vida bem vivida; sem o interesse na beleza, nosso mundo não seria um lar para a nossa espécie.
*Roger Scruton nasceu na Inglaterra, é escritor, filósofo e jornalista.
Sua especialização concentra-se na área da estética, com atenção especial para a música e arquitetura.