"Interiores" (1978) foi um marco na carreira de cinematográfica de Woody Allen.
Em seu primeiro drama, o interesse de Allen na condição humana não foi meramente do ponto de vista da farsa e não se limitou aos trocadilhos irônicos.
O filme explora a dinâmica de uma família em crise.
Quando Eve (Geraldine Page), uma designer de interiores, é abandonada por seu marido Arthur (E. G. Marshall), o frio relacionamento entre suas três filhas adultas é exposto. Atormentadas por ciúmes, insegurança e ressentimentos, Renata (Diane Keaton), uma escritora de sucesso, Flyn (Kristin Griffith), uma mulher mutilada pela indecisão e Joey (Marybeth Hurt), uma atriz iniciante, lutam para comunicar-se umas com as outras. Mas quando o pai inesperadamente apaixona-se por outra mulher (Maureen Stapleton), sua decisão de voltar a casar inicia um movimento terrível do destino... com trágicas consequencias.
Cada uma das três mulheres eram singulares e diferenciadas. Flyn filosofou profundamente em algumas passagens do filme. A indecisão sua perante a vida, o que fazer dela, é marcante. Ela gostaria de atuar, mas se perguntava: pra quê? Ela gostava de fotografia, mas também não via nenhum talento ou função nisso. Linda a frase: "Vontade de fazer algo, de me expressar, mas eu não sei o quê e nem como". Essa vontade de viver no anonimato, sem preocupar-se com as sombras é tocante. Também penso na nossa impermanência e na fugacidade do tempo. Agora olho pras últimas telas que pintei e reparo que ainda não estão assinadas. Será isso uma vontade de viver apenas o instante do fazer? Sei que não tenho a mínima necessidade ou vontade de permanência. Quero apenas viver de forma a aumentar a energia positiva que nos ilumina nesse espaço-tempo.
