"Quando o cordeiro abriu o Sétimo Selo houve um silêncio no céu por cerca de meia hora".
Música de Erik Nordgren.
O filme é um exemplo típico do cinema scandinavo, segundo Kemp, isso por sua introspecção e sua reflexão, mas ele deve a própria existência a uma comédia romântica. Foi o sucesso de "Sorriso de uma noite de amor", 1955, do mesmo Bergman, que levou os financiadores suecos a apostar num projeto que inicialmente consideraram de mau agouro.
O filme tem início com a sugestiva paisagem do mar revolto e seu ruído amedrontador.
Um cavaleiro desiludido (Max von Sydow) e seu companheiro, voltam para casa após dez anos nas Cruzadas. A violência, a doença e a morte estão ao seu redor. O país está sendo devastado pela peste negra; um artista está trabalhando num afresco da Dança da Morte na igreja; e a morte (Bengt Ekerot), com seu rosto branco e usando um capuz, está à espera para cobrar o que é devido pelo cavaleiro. O filme tem origem numa peça chamada "Pintura sobre madeira" (do próprio Bergman). Obra que foi transmitida pelo rádio em 1954, tendo esse diretor como narrador. As reflexões escatológicas de Bergman ganharam visibilidade diante do que estava acontecendo no mundo na época. Era o auge da guerra fria e muitos temiam que o mundo viesse a enfrentar a aniquilação nuclear.
O filme exibe uma série de imagens inesquecíveis, que seriam imitadas e parodiadas, principalmente a do jogo de xadrez do cavaleiro com a Morte na praia e a dos bailarinos que são empurrados do penhasco pelo Anjo da Morte.
Bergman assumia várias influências do filme, das gravuras de Albrecht Dürer e do filme "A carruagem Fantasma", de Victor Sjöström (1921), até o coro de "Carmina Burana", de Carl Orff. Para muitos artistas e cineastas seguidores de Bergman, o Sétimo Selo é um dos primeiros pontos de referência quando se trata de discutir e explorar o tema da MORTE.
Quem é você?
Eu sou a Morte.
Veio me buscar?
Como me encontrou?
Ando com você a muito tempo.
Eu sei.
Está preparado?
Meu corpo está, mas eu, não.
Espere!
Está bem, mas não posso adiar.
Você joga xadrez?
Como sabe?
Eu já vi nas pinturas.
Posso dizer que jogo muito bem.
Não é mais esperto do que eu.
Porque quer jogar comigo?
Isto é problema meu.
Tudo bem.
Se eu vencer, viverei. Se for xeque-mate, me deixará em paz.
[no sorteio a morte ficou com as peças pretas]
Bem apropriado, não achas?
"Porque Deus tem que se esconder numa neblina de vagas promessas?"
"Como iremos acreditar nos que acreditam quando não acreditamos em nós mesmos?"
"Eu quero conhecimento. Não crença. Não suposições. Mas conhecimento.
Minha vida toda tem sido uma procura sem significado. Busco uma ação significante".
É um filme fantástico. Deve estar na lista dos apaixonados por filosofia.