Por acidente ou coincidência, encontrei esta bela entrevista desse "Sentipensante" no Programa O Tempo e o Modo - ATP2, de Portugal (maio de 2012).
Seu depoimento toca na feriada da nossa contemporaneidade. Questões que seguidamente desestruturam o pensar.
Que belo momento este em que estamos! Veja! Quantas são as opções!
É pela diversidade que é possível a escolha e assim conquistar a tão sonhada liberdade. Tornar-se aquele ser pleno e único dentro da esfera global. Mas o capitalismo tem colorido o cotidiano. O arco-íris fica sempre mais além. Estamos cegos de nós mesmos. Somos muito mais do que aquilo que dizem que somos. Olhe pra você. Veja como você é por dentro.
Quem não percebe o consumismo que aflora incessantemente?
Compre isso. Seja aquela pessoa feliz do comercial. Será que você tem aquilo que o fulano tem? Há o meu é que é o melhor! E assim se extingue a nossa humanidade mais essencial.
Mas tudo isso é muito triste. É fugidio. É desumano. Não podemos mais fechar os olhos a pobreza que assola a imensa vastidão do mundo. Como é possível que ainda hoje pessoas percam a vida por falta de alimento?
Não queremos continuar a repetir a história. Vivemos num meio não democrático.
A pobreza não é um destino - é um resultado.
É muito importante o papel da internet nesse tempo. Podemos difundir nossas ideias com maior alcance, expressar opiniões, aprender, ajudar. Mas é uma ferramenta para poucos e poucos são aqueles que dela se utilizam como um meio de construção.
Concordo em absoluto com o escritor uruguaio quando diz que a natureza humana é essencialmente boa e má. Isso é certo. Tudo depende do entorno, do intermédio, dos estímulos. Aquele que rouba, que mata, também é aquele que ama, que sente, que sofre. A história é bem diferente quando contada pelo olhar do "malfeitor".
Sabemos que existem as diferenças e que ela está em todo o lugar. Mas é quando passamos por alguém com necessidades que sentimos ainda mais - é a realidade que pulsa em veias expostas. É triste ver aquele ser ali, deitado no chão (ainda mais nesse frio aqui do Sul). E é ainda mais triste a sensação que fica de ser inútil, de ser aquele que simplesmente olha, passa, vai ao mercado, compra suas "comidinhas saudáveis" e retorna ao lar acolhedor. Tudo já se tornou tão comum.
Sei que muitos de nós tentam mudar esse cenário . Fazemos um pouquinho ali, outra ajuda lá, mas é tão superficial. Precisamos de um grande líder e de uma ampla reforma política. Mas será que estamos a caminho?
As pessoas são boas, conheço muitas delas, mas um prédio bem feito exige um bom engenheiro.
O mundo é desigual nas oportunidades que oferece. E nos dizem que o outro está sempre a nos ameaçar. Assim, o abraço sincero dá lugar ao contato tolerado.
Se há outra terra possível, está na barriga desta.
Como a história contada por esse ser "Corpalma" com o amigo e pintor Vargas - Não pintas o que vês mas o que necessitas.
A realidade é real também quando se sonha - diz Galeano.
É um depoimento fantástico. Bom, a paixão em demasia também exagera.