*Filme - A pele

A história mostra a relação de Diane Arbus (Nicole Kidman) com o seu enigmático vizinho Lionel Sweeney (Robert Downey Jr.).
Na verdade, o filme está longe de ser uma biografia de Diane Arbus (1923), mas apresenta situações que tentam expressar o que se passava em sua mente. Digamos que se trata de um retrato imaginário. A fotógrafa americana marcou a história da fotografia contemporânea com as suas imagens de figuras bizarras desde os anos cinquenta até meados dos anos sessenta.
Quem não conhece o trabalho de Diane pode achar o filme cult demais, ou simplesmente não entender nada. Mas esta é uma obra de arte que vale a pena ser vista. Interessante observar a sua trajetória, seus conflitos. A fama e o suicídio em 1971. Sua arte lembra muito a fotografia de Peter Witkin: - “Ninguém jamais descobriu a feiúra por meio de fotos. Mas muitos, por meio de fotos, descobriram a beleza.”
O que você procura? - "Alguém incomum", diz ela.
No filme, temos uma delicada mãe de família, casada com o fotógrafo Allan Arbus. Ela o ajuda na composição das cenas e na escolhas do figurino. Sua família é rica e é uma das mais famosas vendedoras de pele da região. Aquilo tudo para ela parecia ser terrível demais e ao mesmo tempo emocionava-se com a vacuidade de sua vida.
Quando um estranho vizinho muda-se para o mesmo prédio, tem início um despertar, que a faz tirar férias do papel de ajudante do marido e pede autorização a este para fotografar aos vizinhos.
Inicía-se uma relação de admiração entre os dois.
Diane passa a fazer parte de um outro mundo. Pessoas diferentes, rejeitadas, marginalizadas, deficientes. 
Nicole Kidman teve uma boa atuação. Representou uma pessoa tímida, delicada, em que não são os gestos bruscos que chamam a atenção, mas as sutilezas do tóque, do olhar, da emoção que conseguiu passar com muito talento.   
O filme é muito poético. Tem esse sentido de desejar pelo diferente. De não ser apenas mais uma parte previsível do mundo "normal".


“O que eu mais gosto é de ir onde nunca estive. Quando chega o momento de partir, de ônibus ou de táxi, para o outro extremo da cidade, é como ir de encontro ao desconhecido. Sempre foi assim. E às vezes entro em pânico". (D. Arbus)