"O amor é a tentativa de voltar ao passado e a tentativa de modificar o passado"
Crimes e Pecados é uma fábula contada com maestria sobre a complexidade das escolhas humanas e o microcosmos moral que elas representam.
Cliff Stern (Woody Allen) é um cineasta idealista, até que recebe a oferta de um trabalho lucrativo filmando o perfil de um pomposo produtor de TV (Alan Alda). Aceita tal promoção apenas por dinheiro, mas vê suas convicções perturbadas.
Judah Rosenthal (Martin Landau) é o pilar de sua família até que descobre que a amante (Anjelica Huston) planeja revelar a todos suas artimanhas financeiras e extraconjugais. A medida em que Cliff escolhe entre ser íntegro ou vender-se por dinheiro, e Judah decide entre a orientação de seu rabino ou o conselho assassino de seu irmão mafioso, cada homem precisa examinar sua própria moralidade e tomar uma decisão irrevogável - que irá mudar a vida de todos para sempre.
"Um pecado leva a outro pior".
Questões interessantes como o suicídio de um mestre filósofo é apenas um dos temas marcantes no filme:
"Na vida, precisamos de uma grande quantidade de amor para continuarmos na vida - quando obtemos esse amor. O universo é muito frio e somos nós que o criamos. Sob certas condições, sentimos que às coisas não valem mais a pena".
Como uma pessoa que levou uma existência afirmativa, otimista, que só disse sim, de repente diz não?
A citação da maravilhosa Emily Dickinson, fez-me abrir a página em um de seus poemas que se aproxima bem das questões do filme:
Morri pela Beleza
Morri pela Beleza
Mas mal tinha
Me acomodado ao túmulo
Quando Alguém que morreu pela Verdade,
Na Casa do lado
Perguntou baixinho "Por que morreste?"
"Pela Beleza", respondi
"E eu, pela Verdade, ambas são iguais
E nós também, somos irmãos", disse ele
E assim, como parentes próximos, uma noite
Falámos de uma Casa para outra
Até que o musgo nos chegou os lábios
E cobriu os nossos nomes.
(Emily Dickinson, "Poemas e Cartas")
"Nós nos definimos pelas opções que temos feito.
Somos de fato a soma total de nossas opções.
Coisas acontecem, tão imprevisíveis, tão injustas. A felicidade humana parece não ter sido incluída no desenho da criação.
Somos nós apenas, com nossa capacidade para amar que damos significado ao universo indiferente.
Todavia, a maioria dos seres humanos parecem terem a capacidade para continuar tentando e até encontram alegria em coisas simples - como sua família, seu trabalho, e na esperança de que futuras gerações possam entender mais".
(... fim do episódio)