Não há como não se emocionar com essa brilhante produção. Mais uma vez a cultura e
as crenças entram em contraste com a grande verdade da existência.
É interessante pensar no quanto as religiões e a moral ditam regras e pregam como a maior maravilha da vida o Amor, no entanto, não conseguem respeitar os desejos e as crenças alheias. A religião dita normas e prega a bondade e a solidariedade como regra, no entanto, não consegue ver além das escrituras e selecionam aqueles que devem ou não ser amados e respeitados. Tudo isso é irônico, mas sabemos que o mundo é múltiplo e, infelizmente, esse "amor" sentido por todos os homens, é limitado. Mesmo atualmente, que podemos ver o homem mais livre, ainda é muito difícil romper com a tradição. É verdade que não são as orações ou palavras que podem elevar o ser, mas sim, a real disposição e verdade presente em seus corações. Uma canção que brota lá do fundo da alma é muito mais abrangente e sincera do que uma oração. Neste filme, Naomi, a filha estudiosa de um rabino, convence ao seu pai a adiar seu casamento para que ela possa estudar num seminário judeu. Acaba conhecendo Michele, alguém bem diferente da sua realidade, mas que, com o tempo, acaba despertando admiração. Uma mulher teimosa e espontânea que irá transformar sua busca por individualidade num desejo de expressar seus sentimentos, custe o que custar. No entanto, esta mulher que aparentemente parecia ser mais "moderna" não consegue aceitar as possibilidades do amor e opta pela formalidade.
Como diz um rabino: "Sempre aprendi a tocar de forma tradicional. Às vezes, o não tradicional é o certo".
Com Fanny Ardant, Ania Bukstein e Michal Shtamler.
Um belo filme de Avi Nesher.