"Das experiment"

Eis um filme que deixa o que pensar sobre a civilização.
Uma produção alemã, dirigida por Oliver Hirschbiegel, 2001.


Até que ponto uma pessoa que é considerada "normal" e sociável realmente o é efetivamente?
Neste exemplo, quem faz e rege a atitude de um homem é o meio em que é colocado. É certo que as personalidades são distintas e mesmo aquele que "aparentemente" nada tem de maldade, pode aproveitar-se de uma situação e manifestar todo o caráter agressivo e grotesco de sua própria espécie.
Vinte pessoas são voluntárias pra passar doze dias em uma prisão. Após serem avaliadas, estes homens passam a sentir na própria pele o que é o confinamento. Foram divididos entre guardas que deviam manter a ordem e fazer cumprir as regras e prisioneiros. O desejo dos cientistas era investigar o comportamento de pessoas saudáveis nesta situação e diagnosticar as consequencias psicológicas. Certamente é uma produção bastante caricata no momento que força certas cenas, mas o resultado final é muito verdadeiro e original. Com o passar do tempo, a relação entre eles que era inicialmente de brincadeira, passa a tomar caminhos tão surpreendentes até que fogem de todo o controle.
É um filme perturbador. Uma encenação da vida real.
Faz lembrar as guerras e confrontos pelo mundo. Quanto horror se passa hoje no Oriente. As notícias se repetem, e nesse palco, só mudam os personagens.
Mas o poder e a cobiça vão além. Desejamos um mundo melhor (nossa como se fala nisso!), no entanto, presenciamos fortes exemplos de nossa própria involução.
A cada dia cientistas descobrem novas galáxias. O mundo torna-se cada vez mais amplo e sem limites. Somos tão pequenos enquanto solitários na multidão, mas é assustador o caos e a devastação que um único ser humano pode provocar.
E é assim que participamos de uma história que se repete. Enquanto pessoas lutam e dão suas vidas pela liberdade, nós acompanhamos as manchetes enquanto bebemos nossa cerveja. O mundo sempre foi desigual, mas poderia ter mais ordem. 
Mas quanto mais percebemos esta fragilidade, mais nos colocamos a serviço de nós próprios. Vamos aproveitar! Não sabemos o que nos espera! Assim, assistimos as guerras e os horrores pelo mundo através da mídia enquanto pensamos em como se desvencilhar disso. Sensação de nulidade existencial. Então planejamos uma viagem, um bom jantar, estar ao lado da família e de quem amamos, pois assim nos sentimos protegidos. Imunes a toda crueldade. Mas não adianta. Fugas instantâneas da pobreza que nos é particular.
Temos que sobreviver, afinal. E seguimos "torpes" pelo traçado. Não sou fã de Oscar Wilde.  Mas um amigo sempre repete um de seus provérbios: "A vida é apenas um tempinho horroroso cheio de momentos deliciosos".
Pra mim, a vida é um constante esforço. É uma luta onde desafiamos o mundo e a nós mesmos. Uma busca por sobriedade. Há tantas definições e respostas prontas que cada qual apoia-se naquilo que o satisfaz. Eu não tenho nenhuma certeza, mas também não vejo a dúvida como um pressuposto para a falta de sentido. É preciso ser leve. Talvez nada disso ou daquilo com o qual nos preocupamos e repetimos indefinidamente seja importante. Por isso, se não podemos atuar de forma positiva, o mínimo que podemos fazer é ser e fazer o melhor que podemos. Mas o que é o melhor? Cada um decide por si. Parece que é assim hoje no mundo. Em primeiro lugar, na minha oponião (certamente), deveria estar o respeito pela vida e toda forma de natureza. Natureza, palavra ampla, que diz tudo. Não vejo como natural a ignorância.
A arte e a poesia nos consolam. Até a morte pode ser poética, não a maldade e a degradação.
Se não podes agir de forma positiva, não faça nada. Deixe então que outras pessoas possam seguir suas vidas em paz e tenham alguma chance.
Ninguém merece um Mubarak por perto.

Viver é muito mais que existir. Viver é a coisa mais rara do mundo.
A maioria das pessoas apenas existe.
(Oscar Wilde)