Vencedor do Oscar "Melhor filme" em 1977
"Há uma antiga piada:
Duas velhinhas em um hotel fazenda em Catskill.
Uma diz: "A comida aqui é um horror".
A outra diz:
"Eu sei, porções minúsculas".
É assim que vejo a vida: cheia de solidão, miséria, sofrimento e tristeza...
e acaba rápido demais".
(Woody Allen)
Este filme, considerado por grandes críticos como a obra prima de Allen realmente merece destaque. Na verdade, todos os filmes desse cineasta merecem realce e podem ser vistos e revistos que sempre trazem algo de novo e cômico.
Ninguém tratou tão pontualmente e de forma tão vasta sobre o cotidiano. São sátiras que nos levam a pensar em nossos próprios momentos em determinadas situações.
E o que dizer sobre o amor, ou sobre os amores? O filme é ótimo ao desenvolver e apontar detalhes que são comuns a todos os mortais. A insegurança, a liberdade, a disputa. O desejo de querer voltar e estar a sós novamente e logo depois, a vontade louca de estar mais uma vez com aquela pessoa querida.
E o que dizer de Diane Keaton? Linda, charmosa e talentosa. Seu riso cativa ao mesmo tempo que seu pouco humor é tratado sempre como sintoma de TPM. Normal. Em seu papel faz Annie, uma mulher solitária com uma voz linda que encanta e começa por alcançar novos admiradores. Alvy (Allen) a faz crescer. A incentiva a fazer um bom curso pois acredita que é instigante e de grande valor para a vida uma universidade. Annie começa a ler mais, conhecer, e acaba por despertar de sua antiga rotina. Tudo isso por incentivo de Alvy que vê sua amada sumir em meio a esses fluxos suspendidos.
São coisinhas, às vezes tão pequenas que até podem passar sem que ninguém as notem, porém, fazem toda a diferença em um relacionamento.
Como Alvy diz em outra de suas piadas:
"É uma geralmente atribuída a Groucho Marx...
mas aparece na obra de Freud "Inteligência e o Inconsciente".
É assim, estou parafraseando:
"Não quero ser sócio de nenhum clube que aceite alguém como eu de sócio".
É minha piada chave como adulto em se tratando de mulheres.
Tenho pensado em coisas estranhas ultimamente...
Tento mentalmente montar os pedaços do relacionamento... examinando minha vida e tentando entender onde foi o erro.
Um ano atrás estávamos apaixonados.
Engraçado. Não sou rabugento.
Não sou do tipo depressivo.
Fui uma criança até que feliz..."
Alvy fala que nossas vidas são de miséria e horror. Horror por todos aqueles que têm sérios problemas, nascem ou ficam doentes, as atrocidades e demais fatores inesplicáveis ao racionalismo humano. A miséria é todo o resto.
Mesmo dizendo isso, nosso personagem é bastante gracioso em sua abordagem sobre essas questões. Sua coleção de livros sobre a morte também trouxe afinidades. Mas também para mim, é uma atração estranha, uma curiosidade, mas não tem nada de negativo e tristeza nisso. No máximo, saudades...
Concordo com Allen quando diz que a vida é cheia de sofrimentos, é verdade, não há como negar. Mas por outro lado, há momentos únicos, maravilhosos, redentores. E que, assim como uma boa refeição, acabam rápido demais (porções minúsculas).
Vivemos instantes dilatados porém velozes.