Anna Karenina

"Num mundo de poder e privilégio, uma mulher ousou obedecer seu coração"


Enquanto penso no último filme que assisti, escuto Praça das Flores, do "O vôo da Gaiovota" de Flávio Romano Scognamiglio. É tão interessante o quanto uma bela música aprofunda e dá significado a uma existência.
Um dia comecei a ler Anna Karenina, mas não fui adiante. O livro deve estar dormente em algum espaço escuro do baú. Romance não é a minha literatura favorita, no entanto, não poderia deixar de conhecer esta obra (nem que fosse bem de leve).
Foi assim que assisti ao filme baseado no livro de Léo Tolstói. Não há dúvidas que se trata de um dos maiores clássicos da história. São dois personagens distintos em que o maior medo é morrer sem ter vivido um grande amor.
Entre a aristocracia da refinada St. Petersburg acontece a paixão avassaladora entre uma mulher casada e um conde de alta patente do exército russo. Desafiando todas as convenções da época, eles ficam juntos. Mas Anna paga o preço da felicidade com a distância do filho, o vício no ópio e talvez com a própria vida.
A fotografia é deslumbrante, possui uma  detalhada reconstituição da época e uma trilha riquíssima, formada por peças clássicas de compositores do porte de Rachmaninov e Tchaikovsky, fazem de Anna Karenina um clássico inesquecível.
Há acontecimentos tão grandes que marcam a vida entre duas pessoas, que o trivial torna-se meramente composição.
Um filme de Bernard Rose, 1996. 

Filme - O Tambor

Entre a fé e a desilusão

 

Oscar Melhor Filme Estrangeiro
(1979)
Dirigido por Volker Schlondorff

Na cidade de Danzig na Alemanha, entre os anos de 1920 e 1930, logo após o nascimento de Oskar Matzerath (David Bennent), sua mãe lhe promete que quando completasse três anos, ele ganharia um tambor de latão.
E, no dia da comemoração de seu aniversário, após presenciar os jogos sexuais ousados entre sua mãe e o primo com quem mantinha um caso, Oskar decide que não cresceria mais e se atira pela escada da adega. Isso não o mata, mas provoca uma condição que impede seu crescimento.
Quando seu padrasto e vários professores tentam tirar dele seu adorado tambor de latão, Oskar demonstra todo o seu talento bizarro em, com um grito muito agudo, quebrar vidros. "Quando eu gritava coisas valiosas viravam cacos". A mãe fica grávida e não tolera mais a sua situação familiar e o comportamento insuportável do filho. Opta pela morte.
Enquanto isso, o movimento nazista está crescendo e o padrasto de Oskar se junta ao partido.
Após algum tempo, Oskar ganha um irmãozinho e isso o desagrada muito. Quando ele nasce, Oskar promete que quando ele fizer três anos o presenteará com um tambor e vai ensiná-lo como deixar de crescer.
Com a morte do pai (na verdade padrasto) por uma brincadeira leviana de Oskar, o menino decide então, que irá crescer.

"Alguém que podia  ver o coração dos homens, mas não o seu próprio coração".

Marie & Bruce


"Marie & Bruce mostra um dia na vida de um casal - justamente o dia em que Marie decide deixar Bruce. Assim que o despertador toca às 7h da manhã e eles acordam, começa o dia do casal com Marie atormentando Bruce antes mesmo do café estar pronto. Assim que Bruce sai de casa ficamos sem entender porque os dois ainda continuam juntos. O dia vai passando e acompanhamos como é a rotina de cada um até chegar o final da tarde, quando os encontramos num coquetel na casa de um amigo.
Quando acompanhamos Marie e Bruce se movimentando e conversando com desconhecidos e amigos, é ali que os vemos como o mundo os vê.
Embora pareça inevitável que Marie deixe Bruce, com o passar das horas entendemos que nas entrelinhas das palavras de Marie uma ligação profunda permanece - pelo menos até a manhã seguinte".
Para mim o filme foi bem poético. Assisti duas vezes. Gosto muito da Julianne Moore e achei sua atuação ótima. Mesmo assim, não é um filme que muitas pessoas iriam gostar. Quem sabe seja pela ausência de uma história feliz ou então pelo receio de perceber tal semelhança.


Nesse ínterim,
Levantemo-nos, juntos caminhemos,
Sob este céu de clima jônico, azul,
Errando pelos prados, as montanhas
Verdejantes subindo, onde se curva
O céu, vento leve, a tocar a amada;
Ou fiquemos na praia mais seixosa,
Que, sob os beijos ágeis do oceano,
Estremece e reluz em pleno êxtase -
Possuindo e por tudo possuída,
Calma circunferência de prazer,
Possuindo-nos, até que seja o mesmo
amar e viver.

(Circunferência - Emily Dickinson)

O mínimo no máximo


Tempo rápido,
espaço lento.
Quanto mais penso,
menos capto.
Se não pego isso,
que me passa no íntimo...
Importa muito?
Rapto o ritmo.
Espaço Tempo Ávido
LentoEspaçoDentro.
Quando me aproximo
Simplesmente me desfaço.
Apenas o mínimo
em matéria de máximo.
(Eu)


Crimes e Pecados


"O amor é a tentativa de voltar ao passado e a tentativa de modificar o passado"

Crimes e Pecados é uma fábula contada com maestria sobre a complexidade das escolhas humanas e o microcosmos moral que elas representam.
Cliff Stern (Woody Allen) é um cineasta idealista, até que recebe a oferta de um trabalho lucrativo filmando o perfil de um pomposo produtor de TV (Alan Alda). Aceita tal promoção apenas por dinheiro, mas vê suas convicções perturbadas.
Judah Rosenthal (Martin Landau) é o pilar de sua família até que descobre que a amante (Anjelica Huston) planeja revelar a todos suas artimanhas financeiras e extraconjugais. A medida em que Cliff escolhe entre ser íntegro ou vender-se por dinheiro, e Judah decide entre a orientação de seu rabino ou o conselho assassino de seu irmão mafioso, cada homem precisa examinar sua própria moralidade e tomar uma decisão irrevogável - que irá mudar  a vida de todos para sempre.
"Um pecado leva a outro pior".
Questões interessantes como o suicídio de um mestre filósofo é apenas um dos temas  marcantes no filme:

"Na vida, precisamos de uma grande quantidade de amor para continuarmos na vida - quando obtemos esse amor. O universo é muito frio e somos nós que o criamos. Sob certas condições, sentimos que às coisas não valem mais a pena".
Como uma pessoa que levou uma existência afirmativa, otimista, que só disse sim, de repente diz não?

A citação da maravilhosa Emily Dickinson, fez-me abrir a página em um de seus poemas que se aproxima bem das questões do filme:

Morri pela Beleza

Morri pela Beleza
Mas mal tinha
Me acomodado ao túmulo 
Quando Alguém que morreu pela Verdade,
Na Casa do lado

Perguntou baixinho "Por que morreste?"
"Pela Beleza", respondi 
"E eu, pela Verdade, ambas são iguais
E nós também, somos irmãos", disse ele

E assim, como parentes próximos, uma noite 
Falámos de uma Casa para outra 
Até que o musgo nos chegou os lábios 
E cobriu os nossos nomes.
(Emily Dickinson, "Poemas e Cartas")

 "Nós nos definimos pelas opções que temos feito.
Somos de fato a soma total de nossas opções.
Coisas acontecem, tão imprevisíveis, tão injustas. A felicidade humana parece não ter sido incluída no desenho da criação.
Somos nós apenas, com nossa capacidade para amar que damos significado ao universo indiferente.
Todavia, a maioria dos seres humanos parecem terem a capacidade para continuar tentando e até encontram alegria em coisas simples - como sua família, seu trabalho, e na esperança de que futuras gerações possam entender mais".
(... fim do episódio) 

Gastronomia Francesa com Philippe Remondeau

Neste curso aprendemos quatro receitas bem especiais


Cappuccino de Cogumelos
Para quatro pessoas

1/2 cebola picada
40 gr cogumelos secos
1 dente de alho
500 ml consome de galinha
50 ml creme de leite fresco
Bouquet garni

Hidratar os cogumelos secos em água morna.
Refogar com cebola e alho.
Acrescentar o consome, o bouquet garni e o creme de leite.
Ferver alguns minutos. Liquidificar. Reservar.
Para o creme decorativo: 1/2 lt de leite integral
5 gr agar-agar
Tomilho
Noz moscada
Ferver tudo alguns minutos, peneirar e colocar num siphon.
Servir quente.
*Colocamos o creme de cogumelos em um pequeno copo, depois decoramos com o creme branco da gelatina e um pouco de cacau em pó. Ficou muito saboroso, ainda mais para os dias frios. Quem não tem um siphon, pode fazer a espuma batendo creme de leite até engrossar e temperá-lo com especiarias.

 

Salada de camarões e carambolas
Para quatro pessoas

200 gr camarões médios limpos
2 unidades de carambolas
1 unidade de chuchu cru
Salsinha picada
Ciboulette picada
8 tomates cerejas
80 ml azeite de oliva
Limão
Sal e pimenta do reino 
Castanhas 

Misture todos os ingredientes apenas minutos antes de servir.
Para os camarões, coloque água para ferver com condimentos a seu gosto, quando levantar bolhas, lance o camarão e desligue imediatamente. Isso faz com que fiquem crocantes.
Tire as sementes das carambolas e pique bem.
O chuchu é picado em julienne.
Servir em copos e decorar com as castanhas.
Ficou ótimo e é bem fácil de preparar.  


Blanquette de vitela
Para quatro pessoas

1 kg de vitela cortada em cubos
1 cebola
2 cravos
200 gr de cenouras cortadas em cubos
1,5 lt de caldo de galinha
1 bouquet garni
150 gr de cebolinhas (para conserva)
200 gr de cogumelos Paris
300 ml de creme de leite fresco
2 gemas
400 gr de batata bolinha

Colocar a vitela para cozinhar junto com o caldo, o bouquet garni, as cenouras, o cravo espetado na cebola.
Deixar cozinhar por aproximadamente 1h e 15 minutos.
Saltear os cogumelos.
Cozinhar as cebolinhas, reservar junto com a cebola, os cogumelos e a vitela.
Engrossar o molho com as gemas e o creme de leite sem ferver (a gema vai talhar se utilizada em fervura).
Aquecer tudo junto incluindo as batatas.
Temperar e servir quente.
Para decorar, utilizamos um chips de beterraba.

    
Créme Brûlée
Para 10 pessoas

10 gemas
100 g de açúcar
1 fava de baunilha, cortada ao meio (sentido comprimento) para soltar os grãos internos
Uma casca de canela de 8 cm
750 g de creme de leite fresco
250 ml de leite integral
250 g de açúcar mascavo peneirado para a cobertura

Misture as gemas com o açúcar e bata rapidamente com o fouet, não deixe encorpar como gemada.
Misture o leite, o creme de leite, a fava de baunilha, a canela e leve ao fogo.
Quando iniciar a fervura, espere dois minutos e desligue o fogo.
Despeje essa mistura quente, aos poucos, sobre as gemas, sempre mexendo com o fouet.
Coloque em ramequins e leve ao forno em banho maria por aproximadamente 35 minutos em uma temperatura de 180 graus.
Retire do forno e após esfriar, leve à geladeira durante 12 horas, no mínimo.
Na hora de servir, sobre o creme, colocar o açúcar mascavo peneirado e queimar com maçarico até criar caramelo.
Servir imediatamente.
*Essa (para mim) é uma das melhores sobremesas. Não fica muito doce, é cremosa e a casquinha em contraste com o delicado sabor da baunilha fica uma delícia.
É importante que o forno mantenha uma temperatura constante.

  
Bon appétit!!!


Segredos Íntimos


Não há como não se emocionar com essa brilhante produção. Mais uma vez a cultura e
as crenças entram em contraste com a grande verdade da existência.
É interessante pensar no quanto as religiões e a moral ditam regras e pregam como a maior maravilha da vida o Amor,  no entanto, não conseguem respeitar os desejos e as crenças alheias. A religião dita normas e prega a bondade e a solidariedade como regra, no entanto, não consegue ver além das escrituras e selecionam aqueles que devem ou não ser amados e respeitados. Tudo isso é irônico, mas sabemos que o mundo é múltiplo e, infelizmente, esse "amor" sentido por todos os homens, é limitado. Mesmo atualmente, que podemos ver o homem mais livre, ainda é muito difícil romper com a tradição. É verdade que não são as orações ou palavras que podem elevar o ser, mas sim, a real disposição e verdade presente em seus corações. Uma canção que brota lá do fundo da alma é muito mais abrangente e sincera do que uma oração. 
Neste filme, Naomi, a filha estudiosa de um rabino, convence ao seu pai a adiar seu casamento para que ela possa estudar num seminário judeu. Acaba conhecendo Michele, alguém bem diferente da sua realidade, mas que, com o tempo, acaba despertando admiração. Uma mulher teimosa e espontânea que irá transformar sua busca por individualidade num desejo de expressar seus sentimentos, custe o que custar. No entanto, esta mulher que aparentemente parecia ser mais "moderna" não consegue aceitar as possibilidades do amor e opta pela formalidade.
Como diz um rabino: "Sempre aprendi a tocar de forma tradicional. Às vezes, o não tradicional é o certo".
Com Fanny Ardant, Ania Bukstein e Michal Shtamler.
Um belo filme de Avi Nesher.

Sören Kierkegaard

Ao ler o ensaio de Harold Bloom sobre Kierkegaard (1813-1855) achei interessante tomar nota de alguns fragmentos que refletem a importância desse pensador também em relação ao cristianismo.
Kierkegaard, mestre de todos os conceitos da ironia, comparava os gênios a uma tempestade de raios:

"Gênios são como a tempestade de raios: investem contra o vento, aterrorizam pessoas, limpam o ar.
A ordem estabelecida inventou vários pára-raios.
E foi bem sucedida. Sim, decerto, foi bem sucedida; conseguiu tornar a próxima tempestade ainda mais violenta".

Seria Jesus Cristo, na visão de Kierkegaard, uma dessas tempestades de raios?
A diferença entre o gênio e o cristão é que o gênio é um ato extraordinário da natureza; nenhum ser humano é capaz de se transformar em gênio. O cristão é um ato extraordinário da liberdade ou, mais precisamente, um ato ordinário da liberdade, e, embora tal ocorra extraordinariamente pouco, é isso que cada um de nós deve ser. Portanto, é vontade de Deus que o cristianismo seja proclamado, incondicionalmente, a todos; por conseguinte, os apóstolos são gente simples, comum; portanto, o protótipo assume a forma inferior de um criado, tudo para indicar que esse extraordinário é o ordinário, acessível a todos - mas um cristão, mesmo assim, é algo mais raro do que um gênio.

Jesus, em três anos e meio, conseguiu apenas onze seguidores, um contraste marcante com o triunfo da evangelização observado desde aqueles tempos. Em célebre distinção entre gênio e apóstolo, Kierkegaard registrou corretamente que, "na condição de gênio, Paulo não resiste a comparações a Platão ou Shakespeare". A diferença é uma questão de autoridade; mas quem, senão Kierkegaard (e o futuro adepto, o poeta Auden), haveria de comparar o gênio ao apóstolo, Platão a São Paulo?
Kierkegaard era, claramente, um gênio; seria ele um apóstolo? Porquanto a noção central em Kierkegaard relaciona-se à imensa dificuldade em tornar-se cristão, podemos dispensá-lo de tal chamado.
O fulcro de gênio em Kierkegaard é a sua percepção de que, em uma sociedade declaradamente cristã, é quase impossível tornar-se cristão.
Baruch Spinosa afirma que devemos amar Deus sem esperar ser por ele amados. Kierkegaard afirma que cristãos não são cristãos, mas alguma outra coisa.
Nietzsche, um passo adiante de Kierkegaard, declara ter havido apenas um cristão, e que este morreu na cruz.
Kierkegaard rezava para se tornar cristão, embora entendesse a denúncia de Emerson de que a oração é a doença da vontade.
A negação de realidades aparentes em uma sociedade francamente cristã é a essência do gênio em Kierkegaard, mas o conceito constituía, para ele, uma angústia, pois Kierkegaard tinha de ser pós-hegeliano, assim como nós temos de ser pós-freudianos.
Hegel nega a autoridade do fato, do que ele considera apenas como dado, e o que ele destrói, a fim de alcançar a verdade metafísica, através de um processo a que denomina "mediação". Embora dispusesse de um curioso senso de humor, Hegel não apreciava a ironia. Quanto à mediação hegeliana, Kierkegaard, ironicamente, substituiu-a por algo a que chamou "repetição", tópico de um livreto cujo título foi, precisamente, essa palava, publicado em 1843, sob o pseudônimo de Constantin Constantins.
"Repetição" é um tributo à própria capitulação do filósofo, pois o conceito significa a vontade de abraçar possibilidades capazes de se tornarem transcendentais.  
Kierkegaard, poeta da idéia, optara pela originalidade. Como o poeta de Keats que "morre na vida", a missão de Kierkegaard era tornar-se cristão, instruído apenas pelo próprio Cristo.
Em 1844, publicou Fragmentos Filosóficos, um de seus esforços mais extraordinários, sob o pseudônimo de Johannes Climacus.
Na folha de rosto, lê-se:

"É possível precisar o ponto de partida histórico de uma consciência eterna?
Como é possível a esse ponto de partida ter mais do que interesse histórico?
É possível construir-se felicidade eterna a partir do conhecimento histórico?

O questionamento é formulado por
alguém que, em sua ignorância,
não sabe sequer o que ensejou".

Essa questão tripla separa o cristianismo de Kierkegaard do idealismo de Hegel e de Platão. Sócrates e seu pupilo não são capazes de trocar ensinamentos, mas um propicia ao outro meios de autocompreensão. Cristo compreende a si mesmo perfeitamente: a função dos discípulos é receber o amor de Cristo, para si mesmos e para toda a humanidade. A "repetição" dos discípulos é a perpétua renovação de sua perspectiva de se tornarem cristãos. "É possível conhecer a verdade?", pergunta Johannes Climacus. Em busca da resposta, podemos recorrer à última obra de Kierkegaard.
O filósofo morreu aos 42 anos de idade. Sofreu um colapso nervoso em plena via pública, após ter sacado os últimos valores de uma herança, derradeiro elo com o pai. Um mês depois, faleceu em um hospital, pois já não tinha razão para viver. Seu último ensaio - "A Imutabilidade de Deus" - é iniciado por uma prece.
Trata-se de um texto belíssimo que registro a seguir:

"Ó Imutável, a quem nada altera! Vós que sois imutável no amor, que, apenas pelo nosso bem, não vos permitis mudar - fazei com que também desejemos o nosso bem; permiti o nosso crescimento, com obediência incondicional, na vossa imutabilidade, a fim de encontrarmos conforto na vossa imutabilidade! Não sois como o ser humano. Se for permitido ao ser humano preservar um mínimo de imutabilidade, que não lhe seja concedido muito que possa comovê-lo, e que não se deixe comover demais. Mas a vós tudo comove, e em amor infinito. Até o que nós humanos consideramos insignificante e o que é por nós ignorado, as necessidades de um pardal, a vós comove; algo que, tantas vezes, mal capta a nossa atenção, um suspiro humano, a vós comove, Amor Infinito. Mas nada vos faz mudar, Ó Imutabilidade! Vós, que, com amor infinito, vos deixais comover, deixai que esta prece vos comova a abençoá-la, a fim de que ela possa mudar este que reza, segundo a vossa vontade imutável, ó Imutável!"

São palavras pungentes. Deus, a quem nada altera, comove-se com o amor infinito. Quanto a nós, se não desejarmos mudar, não podemos nos permitir o amor.

A maioria de nós que apreciamos Kierkegaard chegamos a ele pela via das suas realizações estéticas, e não pelas questões espirituais; no entanto, ele tem algo a nos dizer também nesse campo, mesmo que pouco nos interessem as dificuldades em nos tornarmos cristãos.
Kierkegaard foi um gênio, e não um apóstolo, conforme ele, decerto, bem o sabia.

Adam

Vencedor do Prêmio Alfred P. Sloan em Sundance 2009

Uma história sobre dois estranhos.
Um deles um pouco mais estranho que o outro...

"Um filme sensível e muito charmoso"
(Kevin Thomas, Los Angeles Times)

Chega a noite. Hora do descanso. Mais uma vez a pouca tolerância pelos programas televisivos nos levam a duas opções: ler ou assistir a um bom filme.
Dessa vez, a escolha foi por Adam. Uma deliciosa história romântica sobre dois estranhos em busca de uma conexão extraordinária. Hugh Dancy está em uma interpretação inesquecível no papel do brilhante, mas desajeitado, fanático por astronomia que é arrancado de sua existência protegido por sua linda e extrovertida vizinha Beth (Rose Byrne). Mas será que o verdadeiro amor consegue sobreviver quando dois mundos tão diferentes entram em rota de colisão? Com uma direção segura e humor inteligente, este romance inspirador prova que um par improvável de corações pode divagar entre as estrelas.
Escrito e dirigido por Max Mayer, 2009.

Lembra de mim, quando eu me for,
Pra longe, pra terra calada,
E não puderes mais ter minha mão,
Nem eu desistir de sair, e ficar.
Lembra de mim, quando dia após dia,
Não puderes mais falar do nosso futuro:
Apenas lembra de mim; será tarde,
Então, pra conversar e pra rezar.
Mas, se por um momento me esqueceres,
E a lembrar voltares, não te lamentes:
Pois se as trevas e a morte permitirem
Vestígios das idéias que um dia tive,
Melhor seria se esquecesses sorrindo,
Do que se te lembrasses com tristeza.
(Christina Rossetti)


Filme - Vida e Arte de Georgia O'Keeffe


Em Vida e Arte de Georgia O’Keeffe (2009) a pintura dessa artista é apresentada ao longo de seu romance com o carismático fotógrafo e galerista Alfred Stieglitz, interpretado por Jeremy Irons, mas seu colapso emocional começa ao perceber que Alfred era infiel, durante sua autodescoberta em Taos, Novo México.
Georgia O’Keeffe é um filme imperdível, um drama cativante tanto para os fãs do trabalho da artista quanto para quem ainda não a conhece.