Praias do Ceará em abril

Até chegar a Jeri são aproximadamente cinco horas de viagem saindo de Fortaleza.
No caminho, chama a atenção a quantidade de pequenas casas na encosta da estrada. Muitas crianças brincam a vontade nos terreiros bem varridos e sombreados por árvores típicas como o cajueiro e a mangueira. Para chegar a Jeri, após Jijoca, apenas de 4x4, jardineira, bugy ou moto. Nós seguimos de jardineira. Uma grande comédia. Na paisagem, vê-se pequenas moradias, algumas escolas, plantações familiares que cultivam variedades como o aipim, a cana de açúcar e o milho (tudo isso em pequenos espaços). Já falando nos bichos, o maior destaque fica para o jégui. Todos que estão soltos dentro do Parque são exóticos e livres. Talvez seja por isso que são tantos. Também há cabras, vacas de leite, porcos, galinhas de angola e alguns bezerros. Nas aves, o destaque fica para o carcará, presente nas mais visíveis colinas do percurso.
Tida como o maior paraíso do Ceará, o pequeno vilarejo que já foi morada apenas de pescadores, hoje mescla o rústico das construções originais com o charme de sofisticadas pousadas e restaurantes de alta gastronomia. As possibilidades são muitas e pode-se optar tanto pela calmaria ou por ousadas aventuras em solo arenoso. Ir a Jeri é explorar suas possibilidades. Um dos melhores passeios é alugar um bugy e visitar as lagoas e trilhas pelas abrangentes dunas que cercam o Parque Nacional. Nessa época até maio, recomenda-se carregar tanto protetor solar quanto uma sombrinha pois as chuvas chegam de surpresa. Mas pra quem não gosta de muito sol, calor e acúmulo de visitantes, o período é excelente. Segundo Pitonho (nosso motorista e guia), na alta estação é quase impossível encontrar, por exemplo, um bom lugar em restaurantes como os únicos que estão na Lagoa Azul e no Paraíso. Além disso, é preciso muita experiência dos motoristas que se aventuram entre as pequenas estradas arenosas que ligam as belezas da região.
Uma das maiores atrações do local é o monumento natural da Pedra Furada. Na rota até a escultura em pedra podemos desfrutar de um belo passeio ecológico que pode ser pela praia ou pelo morro do Serrote. São dois kilômetros de caminhada saindo do centro da cidade. No percurso, piscinas naturais, aquários entre pedras e cavernas. Ainda pode-se ir até o local com o auxílio de cavalos ou charretes.
Algumas atrações: passeio de jangada para ver cavalos marinhos; Vila Tatajuba; Duna do Funil; Laguinho da Torta; Ilha do Amor; Praia do Preá; Lagoa Azul; Lagoa do Paraíso; Dunas; Pedra Furada.
Para o Laguinho da Torta é preciso alugar um bugy (assim como para as demais lagoas). O percurso fica em torno de 39 kilômetros. No caminho, passamos por duas balças movidas apenas pela força humana. A grande diferença está na rústica paisagem dos mangues. Passamos entre as grandes e esbeltas árvores de raízes aéreas na busca por alimento. O triste é que a maioria dessas árvores já estão condenadas, já que a areia do mar (que vem aumentando neste local) está tirando os nutrientes necessários da terra que os mangues necessitam.
Depois de muita velocidade na areia densa e vasta, chegamos até um dos pontos mais característicos desse passeio: escutar a história contada pela famosa senhora dona Delmira de como o vilarejo de Tatajuba foi encoberto pelas dunas a algumas décadas atrás.
Vemos uma boa extensão de terreno encoberto pela areia. Ainda é possível perceber os relevos das casas e da igreja que foram soterradas. O processo durou cerca de quinze anos. Segundo a nossa simpática senhora, a família dela foi uma das mais resistentes à força da natureza. Ela conta a luta da família com a areia que sempre teimava a permanecer. E, depois de muita persistência, tiveram que abandonar a morada. Ainda pelo olhar dessa "figura única", logo adiante, a grande duna que se apresenta ao olhar (a duna do Paraíso) é encantada. Lá, seus ancestrais (e ela também) já viram luzes e sons do alto, porém, não conseguiram ver nada quando tentavam conferir de perto. Embaixo desse grande serro de areia, pela história, há um grande navio que foi soterrado pela areia (assim como muitos outros que passaram pelas proximidades). É dessa força da natureza que nascem os mais diversos contos de dona Delmira. Mulher simática, vaidosa e muito carismática. Seguindo a trilha, depois de uma parada para as fotos na bela duna encantada, o percurso seguiu até o Lago da Torta. Nesse período, ao contrário da vantagem de não ser alta estação, o assédio dos vendedores são ainda maiores. Vende-se queijo coalho; passeio de jangada; cocada mole; tiroleza e ... Você não tem muito sossego não!
Mas é tudo uma grande aventura. Uma descoberta. Um olhar. Uma história única. Ir a Jeri é aventurar-se. Pra mim, os passeios foram mais importantes do que simplesmente estar e "restar" no vilarejo.
Depois disso, seguimos descendo em direção a cidade de Fortaleza via praias - Mundaú; Flexeiras; Guajirú e Lagoinha.








Pousada Villa Terra Viva















Árvore da Preguiça





Lagoa Azul














Lagoa do Paraíso
































Famosa duna do Pôr do sol






































Dona Delmira























Lago da Torta


























Morro do Serrote (trilha para a Pedra Furada)



















































































Mundaú





























Pousada do Cabôco Sonhadô
























































Flexeiras















































Lagoinha


























Pra terminar - muita lagosta no Full Xico