Eu, você, nós

Eduardo Galeano é um dos melhores escritores que já conheci.
Por acidente ou coincidência, encontrei esta bela entrevista desse "Sentipensante" no Programa O Tempo e o Modo - ATP2, de Portugal (maio de 2012).
Seu depoimento toca na feriada da nossa contemporaneidade. Questões que seguidamente desestruturam o pensar.

Que belo momento este em que estamos! Veja! Quantas são as opções!
É pela diversidade que é possível a escolha e assim conquistar a tão sonhada liberdade. Tornar-se aquele ser pleno e único dentro da esfera global. Mas o capitalismo tem colorido o cotidiano. O arco-íris fica sempre mais além. Estamos cegos de nós mesmos. Somos muito mais do que aquilo que dizem que somos. Olhe pra você. Veja como você é por dentro.

Quem não percebe o consumismo que aflora incessantemente?
Compre isso. Seja aquela pessoa feliz do comercial. Será que você tem aquilo que o fulano tem? Há o meu é que é o melhor! E assim se extingue a nossa humanidade mais essencial.

Mas tudo isso é muito triste. É fugidio. É desumano. Não podemos mais fechar os olhos a pobreza que assola a imensa vastidão do mundo. Como é possível que ainda hoje pessoas percam a vida por falta de alimento?
Não queremos continuar a repetir a história. Vivemos num meio não democrático.
A pobreza não é um destino - é um resultado.
É muito importante o papel da internet nesse tempo. Podemos difundir nossas ideias com maior alcance, expressar opiniões, aprender, ajudar. Mas é uma ferramenta para poucos e poucos são aqueles que dela se utilizam como um meio de construção.
Concordo em absoluto com o escritor uruguaio quando diz que a natureza humana é essencialmente boa e má. Isso é certo. Tudo depende do entorno, do intermédio, dos estímulos. Aquele que rouba, que mata, também é aquele que ama, que sente, que sofre. A história é bem diferente quando contada pelo olhar do "malfeitor".
Sabemos que existem as diferenças e que ela está em todo o lugar. Mas é quando passamos por alguém com necessidades que sentimos ainda mais - é a realidade que pulsa em veias expostas. É triste ver aquele ser ali, deitado no chão (ainda mais nesse frio aqui do Sul). E é ainda mais triste a sensação que fica de ser inútil, de ser aquele que simplesmente olha, passa, vai ao mercado, compra suas "comidinhas saudáveis" e retorna ao lar acolhedor. Tudo já se tornou tão comum.
Sei que muitos de nós tentam mudar esse cenário . Fazemos um pouquinho ali, outra ajuda lá, mas é tão superficial. Precisamos de um grande líder e de uma ampla reforma política. Mas será que estamos a caminho?
As pessoas são boas, conheço muitas delas, mas um prédio bem feito exige um bom engenheiro.
O mundo é desigual nas oportunidades que oferece. E nos dizem que o outro está sempre a nos ameaçar. Assim, o abraço sincero dá lugar ao contato tolerado.
 
Se há outra terra possível, está na barriga desta.
Como a história contada por esse ser "Corpalma" com o amigo e pintor Vargas - Não pintas o que vês mas o que necessitas.
A realidade é real também quando se sonha - diz Galeano.
É um depoimento fantástico. Bom, a paixão em demasia também exagera.





               

Búzios


Búzios é encantador.
Morros, ilhas, águas cristalinas.
Difícil é escolher aonde ficar, tantas são as opções em praias, pousadas e restaurantes.
São várias prainhas, mas para a noite, o melhor é ficar na Armação/Canto. A rua das Pedras e a Orla Bardot são as estrelas do entardecer. Nesse centrinho, a entrada de carros é proibida. Muitos são os pedestres que sobem e descem as estreitas calçadas do vilarejo. Diversas são as origens que se mesclam nos caminhos do paraíso. Todos são muito simpáticos e nenhum carioca nos deixou sem informação quando assim solicitado. 
A variedade de pequenos barcos atracados e no mar criam ares da típica aldeia de pescadores.
Alugamos carro no Rio mas nos arrependemos. É muito mais fácil e relaxante alugar um "buggie" na praia e desbravar suas curvas em contado maior com a natureza. Maio. Fez alguns dias com muito calor e pra nossa sorte (apesar de ser um período das chuvas) é que sempre teve sol e calmaria.
Pra quem gosta de mergulhar, Búzios oferece muitas opções. Mas é preciso lembrar que a água no Rio de Janeiro é bastante fria - pelo menos pra mim.  
Três dias cheios são suficientes pra conhecer a região. Na baixa estação é ainda melhor, pois os preços nas pousadas caem pela metade e não há multidão em exagero. Bom, mas mesmo neste período, muitas hospedagens lotam nos finais de semana. Apesar de preferir a tranquilidade, há bem mais variedade de shows no sábado e domingo. Acredito que a exceção fica para o Mr. Brad (que tem música ao vivo diariamente). Pra quem gosta de samba de raiz, MPB e boa música brasileira vai se apaixonar pelos bons momentos que o lugar oferece. Na minha opinião, a Praia da Armação é muito mais interessante em relação as apresentações musicais do que a Lapa no RJ. Lá, os shows são muito tarde, você fica em pé e o som é altíssimo - além da super lotação. Bom, mas ver Teresa Cristina é sempre um encanto.
        

Circuito das praias de Búzios.
Ficamos hospedados na Armação, mas fizemos todo o contorno de carro.















Primeira noite em Búzios.
Samba no Mr. Brad.







Escultura em homenagem a Bardot.




























































Excelente cantor MPB- Cleber Ventura no Tartaruguinha Fish House.
Clássicas de Tom Jobim, entre outras...










































































Caipirinha de boas vindas na Byblos













Roda de música brasileira no Pátio Havana.
Grupo "Samba na Sola". Fantástico.
Dos três cantores, gostei muito da voz do músico da direita - Michel Moreno.








Momento de retornar ao Sul.



Segundo Evelyn Moraes, os pescadores da pequena aldeia Armação dos Búzios, mais conhecida como Búzios, não imaginavam que na década de 50 o local se tornaria um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil. A cidade, localizada na Região dos Lagos, ficou famosa depois da passagem da atriz Brigitte Bardot, em 1964, que no auge de sua fama, fez exílio voluntário no balneário.
Com a visita da celebridade francesa, a fama do vilarejo paradisíaco correu o mundo e o glamour levou a cidade a ser chamada de "Saint-Tropez brasileira". As 26 praias ganharam tanto destaque que Búzios ocupa o oitavo lugar como destino internacional do Brasil, segundo o Ministério do Turismo, recebendo em média 1,5 milhão de turistas por ano.
As praias são sem dúvida a maior atração do balneário. E há opções para todos os gostos: praias desertas, badaladas, extensas ou pequenas, com água fria ou morna. 
A hospitalidade típica das cidades pequenas se mostra nas pousadas, nos restaurantes, bares, galerias de arte e lojas. A vida noturna agitada também atrai quem não quer se divertir apenas durante o dia.
Além de oferecer uma das melhores raias do mundo para a prática da vela, a cidade entrou para a rota dos cruzeiros marítimos.

Búzios fica a cerca de duas horas da capital fluminense.

Filme - A cor do paraíso


Filme Iraniano, de Majid Majidi. 1999.
Advertências: 
É preciso ter um coração resistente.
Triste e poético - a realidade em pinceladas de arte.
Não indicado para pessoas emotivas.   
O enredo conta a história do menino Mohammad, que tem 8 anos e é aluno numa escola para cegos no Teerã. Um menino muito sensível e atento aos sons da natureza. Com a chegada das férias, ele espera passar algum tempo com as irmãs, a avó e o pai no vilarejo onde mora a família. 
A avó é muito atenciosa e simpática - assim como as duas amadas irmãs. Todos andam pelos campos. Brincam e colhem flores.



Mas o pai, rancoroso e infeliz, vê no filho um ser inútil. Viúvo, encontra-se com dois problemas em relação ao filho: não tem mais condições de mantê-lo na escola especial, e pretende se casar novamente e o menino deficiente é um obstáculo. "Quem vai cuidar de mim na minha velhice? Ele precisa ser independente".
Por isso, não quer que ele passe as férias em casa, mas junto a um marceneiro também cego que pode aceitar o menino como aprendiz. O filme gira em torno desta delicada relação entre pai e filho, dos laços de família e da sensibilidade do menino cego.


O menino, infeliz com a reação do pai, chora e lamenta o que "Alá" lhe ofereceu. "Ninguém gosta de mim porque eu sou cego". Ele gostaria de tocar seu Deus pra sentir que Ele existe, pois não o sente no ar - como o professor lhe ensinou. 
Interessante o detalhe do pai na floresta e ver uma pequena tartaruga agonizando porque estava virada e ele não se sensibiliza. Já o filho - que queria pegar o vento, é o seu avesso. 
O final é de arrepiar. A luz focada na pequena mão, mostra que finalmente, ele encontrou o Criador.  
Do mesmo diretor de Filhos do Paraíso.

Pais e filhos

Gostei tanto da brincadeira que não consegui mais parar...