Farsa da boa preguiça



Domingo de tarde. Calor. Vontade de sair. Que tal uma dose de cultura? A exposição do Xico Stockinger no Margs, apesar de restrita, abranda a saudade. São esculturas de diferentes épocas. Algumas datam de 59 e 60. Um estilo totalmente diferente. Há também litos, xilogravuras e outros. Foi só o que deu pra ver. Todas as demais salas estão em montagem pra Bienal do Mercosul.

Com tempo de sobra (o teatro foi às 18h) bom mesmo é ir ver o o brilho do sol sobre o Guaíba. Contemplar o esquecido Gasômetro. Situação quase caótica. Centenas de pessoas. Caminhantes. Casais. Famílias inteiras. Na grama. Na fila do aluguel das bicicletas. Uma loucura. Muitos compravam sorvetes. Outros pipocas. Refrigerantes. Cervejas. Mas o chimarrão foi o mestre entre as escolhas.

Já estava quase na hora. O espetáculo teve início com dez minutos de atraso. O cenário estava fantástico. Colorido. Alegre. Muitos eram os personagens. Todos talentosos. O figurino impecável. Até lembrou Frida Kahlo. Vontade de ter um vestido daqueles. Estou pensando em tentar fazer um.

Farsa da boa preguiça, de Ariano Suassuna. Rio de Janeiro.

A peça narra a história de Joaquim Simão, poeta de cordel, pobre e "preguiçoso", que só pensa em dormir. Joaquim é casado com Nevinha, mulher religiosa e dedicada ao marido e aos filhos. O casal mais rico da cidade, Aderaldo Catacão e Clarabela, possuem um relacionamento aberto. Aderaldo é apaixonado por Nevinha e Clarabela quer conquistar Joaquim Simão. Três demônios fazem de tudo para que o pobre casal se renda a tentação e caia no pecado, enquanto dois santos tentam intervir. Jesus observa e avalia tudo. A partir daí, situações inusitadas tomam conta do texto.

Foi um bom divertimento. Apesar que é um tanto cansativo permanecer quase duas horas sentado. Ainda mais em uma sala cheia em que o ar condicionado não dava conta. Mas, o ideal mesmo é ficar na platéia, bem na frente. Ver as cores, as expressões, as danças, as criações. E no fim, ir embora com a sensação que a vida ficou mais leve e colorida.

Depois disso, uma caminhada pela Cidade Baixa. Lotada. Jovens aos grupos. Não havia lugar na área aberta dos bares. Adolescentes com estilo. Que ficam por ali mesmo. Na calçada. Em pé. Em qualquer lugar que tenha um espaço. E parece que se divertem assim mesmo.

A saída foi ir até o Pedrini e saborear a melhor pizza da cidade (a única feita na panela) e refrescar-se com uma serramalte bem gelada.

Foi um bom domingo. Jovial.