Poesia - Christina Rossetti


(Fotografia - Arquivo pessoal)

Tudo passa, o Mundo diz, tudo passa:
Beleza, juventude, dia a dia;
Jamais há vida sem interrupção.

O Olho embaça, grisalho está o cabelo,
Sem ter ganho coroa ou laurel?
Fecho na primavera e broto em maio:
Tu, raiz doente, tua decomposição
Não renovarás sobre o meu seio.
Então, respondi: Sim.

Tudo passa, minha Alma diz, tudo passa:
Com a carca de medo e de esperança,
De labor e lazer, ouve o passado:
Ferrugem em teu ouro, traça em teu traje,
Teu broto tem praga, a folha apodrece.
À meia-noite, ao alvorecer, um dia,
Eis que surge o Noivo, e sem demora;
Fica atenta e reza.
Então, respondi: Sim.

Tudo passa, meu Deus diz, tudo passa:
O inverno passa, após longa demora;
Novas uvas na vinha, novos figos,
Aves chamam aves no Céu de maio.
Demoro, mas espera-me, confia,
Observa e reza. Levanta, é dia,
Amor, irmã, esposa, então direi.
Então, respondi: Sim.

(Christina Rossetti)